terça-feira, 27 de julho de 2010

DECADES (DEGENERAÇÃO)

Decades

Here are the young men, a weight on their shoulders
Here are the young men, well, where have they been?
We knocked on doors of hell's darker chambers
Pushed to the limits, we dragged ourselves in
Watched from the wings as the scenes were replaying
We saw ourselves now as we never had seen
Portrayal of the traumas and degeneration
The sorrows we suffered and never were freed
Where have they been?
Where have they been?
Where have they been?
Where have they been?
Weary inside, now our hearts lost foreverCan't replace the fear or the thrill of the chaseThese rituals showed up the door for our wanderings
Opened and shut, then slammed in our face
Where have they been?
Where have they been?
Where have they been?
Where have they been?


Degeneração

Aqui estão os jovens, um peso em seus ombros
Aqui estão os jovens, bem, onde estiveram?
Batemos nas portas das salas mais sombrias do inferno
Levados aos limites, nos arrastamos para dentro
Observávamos das asas enquanto as cenas se repetiam
Nos vimos agora como nunca tínhamos visto
Retrato dos traumas e degeneração
As mágoas que sofremos e nunca fomos libertados
Onde estiveram?
Onde estiveram?
Onde estiveram?
Onde estiveram?
Cansados por dentro, agora nossos corações perdidos para sempre
Não podemos nos recompor do medo ou da ânsia da perseguição
Estes rituais nos mostraram a porta para nossas caminhadas sem rumo
Aberta e fechada, e então batida na nossa cara
Onde estiveram?
Onde estiveram?
Onde estiveram?
Onde estiveram?

(JOY DIVISION - traduzida por Angst)
Atmosphere

Walk in silence,
Don't walk away, in silence.
See the danger,
Always danger,
Endless talking,
Life rebuilding,
Don't walk away.
Walk in silence,
Don't turn away, in silence.
Your confusion,
My illusion,
Worn like a mask of self-hate,
Confronts and then dies.
Don't walk away.
People like you find it easy,
Naked to see,
Walking on air.
Hunting by the rivers,
Through the streets,
Every corner abandoned too soon,
Set down with due care.
Don't walk away in silence,
Don't walk away.

Atmosfera

Parte em silêncio
Não partas em silêncio
Veja o perigo,
Sempre o perigo
Conversa infinita
Reconstrução da vida
Não partas.
Partas, em silêncio
Não te de as costas em silêncio,
Sua confusão,
Minha ilusão,
Destruindo-se como uma mascara de ódio-próprio.
Confronta e morre.
Não partas.
Pessoas como você acham fácil
Despido para ver
Andando no ar
Caçando pelos rios
Através das ruas
Em cada esquina tão cedo abandonada
Colocado com o devido cuidado
Não partas, em silêncio
Não partas.

(Joy Division - Tradução Desconhecida)

SHADOWPLAY (JOGO DE SOMBRAS)

Shadowplay

To the centre of the city
Where all roads meet looking for you
To the depths of the ocean
Where all hopes sank searching for you
I was moving through the silence
Without motion, waiting for you
In a room with no window
In the corner I found truth
In the shadowplay, acting out your
Own death, knowing more
As the assassins all grouped
In four lines, dancing on the floor
And with cold steel, odour on their bodies
Made a move to connect
I could only stare in disbelief
As the crowds all left
I did everything, everything I wanted to
I let them use you for their own ends
To the centre of the city
In night waiting for you
To the centre of the city
In night waiting for you

Jogo de Sombras

Para o centro da cidade
Onde todas as ruas se encontram, procurando por você
Para as profundezas do oceano,
Onde todas as esperanças afundam, procurando por você
Eu estava me movendo através do silêncio
Sem movimento, esperando você
Em um quarto sem janelas
No canto, encontrei a verdade
No jogo de sombras, expressando em ações a sua
própria morte, conhecendo mais
Como os assassinos, todos agrupados
Em quatro linhas, dançando sobre o chão
E com aço frio, o odor sobre seus corpo deles,
Fez um movimento para conectar
Pude apenas olhar em descrença
Enquanto toda a multidão se foi
Eu fiz tudo, tudo o que eu queria fazer
Deixei eles usarem você, para os próprios fins deles
Para o centro da cidade
Na noite, esperando por você
Para o centro da cidade
Na noite, esperando por você

(Joy Division - traduzida por Ana P)

GRAVEYARD POEM (CEMITERIO POEMA)

Graveyard Poem

It was the greatest night of my life.
Although I still had not found a wife
I had my friends
Right there beside me.
We were close together.
We tripped the wall and we scaled the graveyard
Ancient shapes were all around us.
The wet dew felt fresh beside the fog.
Two made love in an ancient spot
One chased a rabbit into the dark
A girl got drunk and balled the dead
And I gave empty sermons to my head.
Cemetary, cool and quiet
Hate to leave your sacred lay
Dread the milky coming of the day.

Graveyard Poem (Tradução)

Aquela foi a melhor noite da minha vida
Mesmo que eu ainda não houvesse encontrado uma esposa
Eu tinha meus amigos bem ao meu lado
Nós éramos muito próximos
Nós pulamos o muro e entramos no cemitério
Os formatos antigos estavam por toda parte
O orvalho seco parecia refrescante junto à neblina
Dois fizeram amor num canto antigo
Um caçou um coelho no escuro
Uma menina ficou bêbada e brincou com os mortos
E eu fiz sermões vazios à minha cabeça
Cemitério, frio e quieto
Odeio ter que deixar seu cenário sagrado
Amedrontando a chegada sem fôlego do dia.

(The Doors - traduzida por Lu Morrison Joplin)

THE END

The End

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land ?
Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah
There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby
Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold
The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest
The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us ?
The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
"Father ?", "yes son", "I want to kill you"
"Mother...I want to...fuck you"
C'mon baby, take a chance with us X3
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock, On a blue bus
Doin' a blue rock, C'mon, yeah
Kill, kill, kill, kill, kill, kill
This is the end, Beautiful friend
This is the end, My only friend, the end
It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end

O Fim

Este é o fim
Belo amigo
Este é o fim
Meu único amigo, o fim
Dos nossos elaborados planos, o fim
De tudo que permanece, o fim
Sem salvação ou surpresa, o fim
Eu nunca olharei em seus olhos...de novo
Voce pode imaginar o que será?
Tão sem limites e livre
Precisando desesperadamente...de alguma...mão de estranho
Numa terra desesperada?
Perdido numa romana...selva de dor
E todas as crianças estão loucas
Todas as crianças estão loucas
Esperando a chuva de verão, sim
Tem perigo no extremo da cidade
Passeie pela estrada do rei, bem
Cenas estranhas dentro da mina de ouro
Passeie pela estrada do este, bem
Passeie pela serpente, passeie pela serpente
Para o lago, o antigo lago, bem
A serpente é longa, sete milhas
Passeie pela serpente… Ela é velha e sua pele é gelada
O oeste é o melhor
O oeste é o melhor
Vá lá, e nós faremos o resto
O ônibus azul está nos chamando
O ônibus azul está nos chamando
Motorista, aonde está nos levando?
O matador acordou antes do amanhecer, ele pôs suas botas
Ele tirou uma foto da antiga galeria
E andou pelo corredor
Entrou no quarto em que sua irmã vivia, e...então ele
Pagou a visita a seu irmão, e então ele
Ele andou pelo corredor, e
E ele veio até a porta...e ele olhou para dentro
"Pai?", "Sim filho?", "Eu quero te matar."
"Mãe...Eu quero...te foder."
Venha bem, tente conosco (3x)
E me encontre atrás do ônibus azul
Fazendo um foguete azul, No ônibus azul
Fazendo um rock triste, vamos, sim
Matar, matar, matar, matar, matar, matar
Este é o fim, belo amigo
Este é o fim, meu único amigo, o fim
Dói te libertar
Mas você nunca vai me seguir
O fim da gargalhada e das mentiras suaves
O fim das noites que tentávamos morrer
Este é o fim

(The Doors - traduzida por pennylane)

THE WASP

The Wasp

I wanna tell you about texas radio and the big beat
Comes out of the virginia swamps
Cool and slow with plenty of precision
With a back beat narrow and hard to master
Some call it heavenly in it s brilliance
Others, mean and ruthful of the western dream
I love the friends I have gathered together on this thin raft
We have constructed pyramids in honor of our escaping
This is the land where the pharaoh died
The negroes in the forest brightly feathered
They are saying, "forget the night
Live with us in forests of azure
Out here on the perimeter there are no stars
Out here we is stoned - immaculate."
Listen to this, and I'll tell you bout the heartache
I'll tell you bout the heartache and the lose of god
I'll tell you bout the hopeless night
The meager food for souls forgot
I'll tell you bout the maiden with raw iron soul
I'll tell you this
No eternal reward will forgive us now for wasting the dawn
I'll tell you bout texas radio and the big beat
Soft drivin, slow and mad, like some new language
Now, listen to this, and I'll tell you bout the texas
I'll tell you bout the texas radio
I'll tell you bout the hopeless night
Wandering the western dream
Tell you bout the maiden with raw iron soul

The Wasp (Tradução)

Eu quero falar sobre a Rádio do Texas e a Grande Batida
Vinda dos pântanos da Virgínia
Calma e lenta com bastante precisão
Com uma batida antiga, restrita e difícil de dominar
Alguns dizem que é paradisíaco em seu brilho
Outros que é um lamento do sonho ocidental
Gosto dos amigos que fiz dentro dessa balsa
Nós construímos pirâmides em memória de nossas fugas
Foi nessa terra que o faraó morreu
Os negros enfeitados na selva
Estão dizendo "Esqueçam as noites,
Vivam conosco na floresta azulada.
Aqui nesse lugar não há estrelas
Aqui estamos petrificados - imaculados."
Ouçam, não vou lhes falar sobre dor de espírito
Vou lhes falar sobre dor de espírito e a perda de Deus
Vou lhes falar sobre as noites sem esperança
Da comida escassa para almas esquecidas
Vou lhes falar sobre a donzela com uma ferida de ferro em sua alma
Vou lhes dizer uma coisa
Não há recompensa eterna que nos perdoe por termos desperdiçado o amanhecer
Eu quero falar sobre a Rádio do Texas e a Grande Batida
Mansa, lenta e louca, como uma nova linguagem
Agora, escutem isso, eu quero lhes falar sobre o Texas
Eu lhes falo sobre a Rádio do Texas
Eu lhes falo sobre as noites sem esperança
Do vagabundo sonho ocidental
Lhes falo sobre a donzela com uma ferida de ferro em sua alma

(The Doors - traduzida por Kerberos)

AWAKE GHOST SONG

Awake Ghost Song

Is everybody in?
Is everybody in?
Is everybody in?
The ceremony is about to begin.
Wake up!
You can't remember where it was
Had this dream stopped?

Todo mundo já entrou?
Todo mundo já entrou?
Todo mundo já entrou?
A cerimonia já vai começar
Acorde!
Você não consegue se lembrar aonde isto estava
Este sonho tinha parado?

(The Doors - traduzida por Gunsfoe)

ATRAVESSE (Break On Through (To The Other Side))

Break On Through (To The Other Side)

You know the day destroys the night,
Night divides the day
Tried to run, tried to hide,
Break on through to the other side,
Break on through to the other side,
Break on through to the other side, yeah.
We chased our pleasures here,
Dug our treasures there,
But can you still recall the time we cried?
Break on through to the other side,
Break on through to the other side.
Yeah!
C'mon, yeah.
Everybody loves my baby,
Everybody loves my baby.
She gets
She gets
She gets
She gets higghhhh!
I found an island in your arms,
A country in your eyes,
Arms that chained us, eyes that lied.
Break on through to the other side,
Break on through to the other side,
Break on through, wow, oh yeah!
Made the scene week to week,
Day to day, hour to hour,
The gate is straight, deep and wide,
Break on through to the other side,
Break on through to the other side,
Break on through,
Break on through,
Break on through,
Break on through,
Break, break, break, break,
Break, break, break, break,
Break.


Atravesse

Você sabe que o dia destrói a noite
A noite divide o dia
Tentei correr,Tentei me esconder
Atravesse para o outro lado
Atravesse para o outro lado
Atravesse para o outro lado, yeah
Caçamos nossos prazeres aqui ,
Cavamos nossos tesouros ali ,
Você ainda se lembra Da época em que choramos?
Atravesse para o outro lado
Atravesse para o outro lado
Yeah!
vamos, yeah
Todos amam a minha garota,
Todos amam a minha garota
Ela fica
Ela fica
Ela fica
Ela fica doida
Encontrei uma ilha nos seus braços
Um país em seus olhos
Braços que nos acorrentam, Olhos que mentiram
Atravesse para o outro lado
Atravesse para o outro lado
Atravesse,wow, oh yeah!
Fiz a cena de semana a semana
Dia a dia, hora a hora
O portão é reto,Profundo e largo
Atravesse para o outro lado
Atravesse para o outro lado
Atravesse
Atravesse
Atravesse
Atravesse
Atravesse
Atravesse
Atravesse

(The Doors - traduzida por Apokalyptic)

sexta-feira, 23 de julho de 2010

A IMAGEM DIVINA

A Imagem Divina

Compaixão, Pena, Paz & Amor,
Todos lhes rezam no seu sofrimento;
E a estas virtudes de tanto fulgor
Entregam o seu agradecimento.

Compaixão, Pena, Paz & Amor
É Deus, nosso pai adorado,
Compaixão, Pena, Paz & Amor
É o Homem, seu filho amado.

Tem Compaixão humano coração,
E tem a Pena uma face humana,
Amor, a forma divina de eleição
E a Paz, o traje que irmana.

Todo o homem, em todo o clima,
Que, com dor, reza como é capaz,
Reza à forma humana divina,
Amor, Compaixão, Pena & Paz.

A humana forma amar é um dever,
Para os ateus, os turcos, os judeus;
Compaixão, Amor & Pena, haja onde houver,
Também é lá que encontrareis Deus.

William Blake, in "Canções da Inocência"
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

O JARDIM DO AMOR

O Jardim do Amor

O Jardim do Amor fui visitar,
E vi então o que jamais notara:
Lá bem no meio estava uma Capela,
Onde eu no prado correra e brincara.

E os portões desta Capela não abriam,
E "Não farás" sobre a porta escrito estava;
E voltei-me então para o Jardim do Amor
Lá onde toda a doce flor se dava;

E os túmulos enchiam todo o campo,
E eram esteias funerárias as flores;
E Padres de preto, em seu passeio secreto,
Atando com pavores minhas alegrias & amores.

William Blake, in "Canções da Experiência"
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

LONDRES

Londres

Vagueio por estas ruas violadas,
Do violado Tamisa ao derredor,
E noto em todas as faces encontradas
Sinais de fraqueza e sinais de dor.

Em toda a revolta do Homem que chora,
Na Criança que grita o pavor que sente,
Em todas as vozes na proibição da hora,
Escuto o som das algemas da mente.

Dos Limpa-chaminés o choro triste
As negras Igrejas atormenta;
E do pobre Soldado o suspiro que persiste
Escorre em sangue p'los Palácios que sustenta.

Mas nas ruas da noite aquilo que ouço mais
É da jovem Prostituta o seu fadário,
Maldiz do tenro Filho os tristes ais,
E do Matrimónio insulta o carro funerário.

William Blake, in "Canções da Experiência"
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

A HUMANA SÚMULA

A Humana Súmula

A Piedade deixaria de existir
Se não fizéssemos nós os Pobres de pedir;
E a Compaixão também acabaria
Se a todos, como nós, feliz chegasse o dia.

E a paz se alcança com mútuo terror,
Até crescer o egoísmo do amor:
A Crueldade tece então a sua rede,
E lança seu isco, cuidadosa, adrede.

Senta-se depois com temores sagrados,
E de lágrimas os chãos ficam regados;
A raiz da Humildade ali então se gera
Debaixo do seu pé, atenta, espera.

Em breve sobre a cabeça se lhe estende
A sombra daquele Mistério que ofende;
É aí que Verme e Mosca se sustentam
Do Mistério que ambos acalentam.

E o fruto que gera é o do Engano
Doce ao comer e tão malsano;
E o Corvo o seu ninho ali o faz
No mais espesso da sombra que lhe apraz.

Todos os Deuses, quer da terra quer do mar,
P'la Natureza esta Árvore foram procurar;
Mas foi em vão esta procura insana,
Esta Árvore cresce só na Mente Humana.

William Blake, in "Canções da Experiência"
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

UMA IMAGEM DIVINA

Uma Imagem Divina

A Crueldade tem Humano Coração,
E tem a Intolerância Humano Rosto;
O Terror a Divina Humana Forma,
O Secretismo Humano Traje posto.

O Humano Traje é Ferro forjado,
A Humana Forma, Forja incendiada,
O Humano Rosto, Fornalha bem selada,
Humano Coração, Abismo seu Esfaimado.

William Blake, in "Canções da Experiência"
Tradução de Hélio Osvaldo Alves

domingo, 11 de julho de 2010

O BARCO BÊBADO


Como eu descia pelos rios impassíveis,
senti-me libertar de meus rebocadores.
Tomaram-nos por alvo os índios irascíveis
e pregaram-nos nus aos postes multicores.

Já não me preocupava a carga que eu trazia,
fosse o trigo flamengo ou o algodão inglês.
Quando dos homens se acabou a gritaria,
pelos rios voguei, liberto de uma vez.

Ante o irado ranger das marés, me lancei,
mais surdo que infantis cabeças, no outro inverno,
fugindo! E para trás penínsulas deixei
que jamais viram tão glorioso desgoverno.

A procela abençoou meu despertar marinho,
dancei como cortiça entre vagas e atóis,
que fazem vítimas no eterno redemoinho,
dez noites, sem pensar no olho vão dos faróis.

Doce como a maçã na boca de um menino,
meu lenho se encharcou do verde turbilhão,
que um caos de vômito e de vinho purpurino
lavou, e destroçou meu leme e meu arpão.

E mergulhei então no Poema do Mar,
todo de astros mesclado, e leitoso, a beber
os azuis verdes, onde, a flutuar e a sonhar
um absorto afogado às vezes vai descer;

onde, a tingir de um golpe o azul, à luz safira
dos dias, ritmos arrastados e delírios,
mais fortes que a embriaguez e mais vastos que a lira,
fermentarão do amor os amargos martírios.

Sei os céus a estalar de clarões, sei as trombas,
correntes e monções: e sei o anoitecer,
a exultante manhã qual um povo de pombas,
e vi por vezes o que o homem julgou ver.

Vi o sol-pôr manchado a místicos horrores,
iluminando longas urnas arroxeadas;
como dos mais antigos dramas os atores,
as ondas a rolar à distância, encrespadas.

Sonhei a noite verde entre neves radiosas
dar aos olhos do mar mil beijos hesitantes;
vi a circulação de seivas misteriosas
e o áureo-azul despertar dos fósforos cantantes.

Longos meses segui, tal como vacarias
histéricas, o ardor das ondas contra a areia;
sem suspeitar que os pés brilhantes das Marias
pudesse apaziguar o Oceano que se alteia.

Atingi, sabei vós, Flóridas escondidas,
os olhos da pantera ajuntando às floradas,
com pele humana. E tenso o arco-íris, como bridas,
no horizonte do mar, quais alegres manadas.

Vi fermentar pauis enormes e lameiros,
onde apodrece um Leviatã entre os juncais;
e entre bonanças desabar furiosos aguaceiros,
despencando o longínquo em golfos abismais!

Gelos, argênteos sóis, ondas, céus abrasantes!
Encalhes colossais nos mais fundos negrumes,
onde o piolho come as serpentes gigantes
que tombam da galhada entre negros perfumes.

Desejara mostrar às crianças as douradas
da onda azul, peixes de ouro, esses peixes cantantes
– a espuma toda em flor ninou minhas jornadas
e um inefável vento alou-me por instantes.

Das zonas e do pólo, às vezes, mártir exausto,
o mar, cujo soluço as fugas me adoçava,
dava-me flores de ouro e de sombrio fausto,
e eu, como uma mulher de joelhos, descansava.

Quase ilha, a balançar gritando às minhas bordas
rixas e estrumes de aves de olhos afogueados;
eu ia, enquanto pelas minhas tênues cordas
desciam, recuando, ao sono os afogados.

Eu, barco naufragado entre as marinhas tranças
pelos tufões aos ermos do éter arrojado,
cujo casco ébrio de água os veleiros das Hansas
e os Monitores não teriam resgatado;

livre, a fumar, envolto em brumas violetas,
que perfurava o céu vermelho como um muro,
que traz – confeitos deliciosos aos bons poetas –
liquens do sol e cusparadas do azul-escuro;

prancha louca, a correr entre uma escolta preta
de hipocampos, rajada a estrias resplendentes,
quando julho esboroava a golpes de marreta
do céu ultramarino os funis comburentes;

eu, que tremia, ouvindo a distante agonia
do cio dos Behemots e dos Maelstroms estreitos,
eterno tecelão da azul monotonia,
lamento a Europa dos antigos parapeitos!

Arquipélagos vi do firmamento! e as ilhas
onde em delírio os céus se abrem ao viajor,
é nessas noites que tu dormes e te exilas,
ó milhão de aves de ouro, ó futuro Vigor? –

Mas, não, chorei demais! Magoam-me as auroras.
Todo sol é dolente e amargo todo luar.
O acre amor me fartou de torpores, demoras.
Oh, que meu casco estale! Oh, que eu me lance ao mar!

Se desejo da Europa uma água, é a poça estreita,
negra e fria, onde à luz de uma tarde violeta
um menino agachado, entre tristezas, deita
seu barquinho, a oscilar como uma borboleta.

Imerso em languidez, não posso transcender
o rastro, ó vagas, dos que levam algodões,
nem dos pendões o orgulho e das velas vencer,
nem já nadar sob o olho horrível dos pontões.

Arthur Rimbaud
(Tradução de Renato Suttana)

FLORES DO MAL (I - A Destruição )


Sem cessar ao meu lado o Demônio arde em vão;
Nada em torno de mim como um ar vaporoso;
Eu degluto-o a sentir que me queima o pulmão,
Enchendo-o de um desejo eterno e criminoso.
Toma, ao saber o meu amor à fantasia,
A forma da mulher, que eu mais espere e ame.
E tendo sempre um ar de pura hipocrisia,
Acostuma-me a boca a haurir um filtro infame.
Ele conduz-me assim longe do olhar de Deus,
O peito a repartir-se de morna exaustão,
Pelas terras do tédio, infinitas, desertas,
Para depois jogar os torvos olhos meus
Ascorosos rasgões e feridas abertas,
E os aparelhos a sangrar da Destruição!

Charles Baudelaire
(Tradução de Jamil Almansur Haddad)

INVICTUS

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance

I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears

Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.
It matters not how strait the gate,

How charged with punishments the scroll
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul.

Da noite que me cobre,

Negra como um poço de alto abaixo,
Agradeço quaisquer Deuses que existam
Pela minha alma inconquistável.
Na garra cruel da circunstância

Eu não recuei nem gritei.
Sob os golpes do acaso
Minha cabeça está sangrenta, mas erecta.
Além deste lugar de fúria e lágrimas

Só o eminente horror matizado,
E contudo a ameaça dos anos
Encontra e encontrar-me-á, sem temor.
Não importa a estreiteza do portão,

Quão cheio de castigos o pergaminho,
Sou o dono do meu destino:
Sou o capitão da minha alma.

William Ernest Henley
(Trad. para Português de Luís Eusébio)