Sem cessar ao meu lado o Demônio arde em vão;
Nada em torno de mim como um ar vaporoso;
Eu degluto-o a sentir que me queima o pulmão,
Enchendo-o de um desejo eterno e criminoso.
Toma, ao saber o meu amor à fantasia,
A forma da mulher, que eu mais espere e ame.
E tendo sempre um ar de pura hipocrisia,
Acostuma-me a boca a haurir um filtro infame.
Ele conduz-me assim longe do olhar de Deus,
O peito a repartir-se de morna exaustão,
Pelas terras do tédio, infinitas, desertas,
Para depois jogar os torvos olhos meus
Ascorosos rasgões e feridas abertas,
E os aparelhos a sangrar da Destruição!
Nada em torno de mim como um ar vaporoso;
Eu degluto-o a sentir que me queima o pulmão,
Enchendo-o de um desejo eterno e criminoso.
Toma, ao saber o meu amor à fantasia,
A forma da mulher, que eu mais espere e ame.
E tendo sempre um ar de pura hipocrisia,
Acostuma-me a boca a haurir um filtro infame.
Ele conduz-me assim longe do olhar de Deus,
O peito a repartir-se de morna exaustão,
Pelas terras do tédio, infinitas, desertas,
Para depois jogar os torvos olhos meus
Ascorosos rasgões e feridas abertas,
E os aparelhos a sangrar da Destruição!
Charles Baudelaire
(Tradução de Jamil Almansur Haddad)
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